Você já ouviu falar em ceratocone? Essa condição ocular silenciosa tem se tornado cada vez mais comum, especialmente entre adolescentes e jovens adultos, e já responde por 20% dos transplantes de córnea feitos no Brasil, segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia. O dado acende um alerta: quanto mais cedo for feito o diagnóstico, menores as chances de complicações sérias.
Durante o mês de junho, a campanha Junho Violeta, organizada pela Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO), busca conscientizar a população sobre a importância de cuidar da saúde ocular, com foco no diagnóstico precoce do ceratocone.
Entendendo o ceratocone
O ceratocone é uma doença que afina e deforma a córnea, estrutura curva e transparente na frente dos olhos, fazendo com que ela ganhe um formato de cone. Essa alteração compromete a visão e dificulta tarefas cotidianas, como ler ou dirigir.
“Essa alteração provoca distorções visuais, sombras e desfocamento, que dificultam atividades simples do dia a dia. Embora não leve à cegueira completa, compromete muito a qualidade da visão. Em casos mais graves, o transplante é necessário, mas a prevenção e o diagnóstico precoce ainda são os melhores caminhos”, explica o oftalmologista Hallim Feres Neto, membro do Conselho Brasileiro de Oftalmologia.
Sintomas e causas mais comuns
Entre os sintomas mais relatados estão visão embaçada, sensibilidade à luz, imagens distorcidas, visão dupla e halos ao redor das luzes. Em fases avançadas, pode haver dor, perda súbita da visão e até alterações na forma da pálpebra inferior.
Embora o ceratocone seja uma doença de origem genética, fatores externos também influenciam. “Coçar os olhos com frequência, especialmente por conta de alergias, pode acelerar o afinamento da córnea e o avanço da doença”, alerta Dr. Hallim.
O problema é que os primeiros sinais são sutis, e muitas vezes o diagnóstico só acontece quando o paciente já tem graus elevados de miopia ou astigmatismo. Por isso, o acompanhamento com um oftalmologista é essencial, principalmente se há histórico da doença na família.
Etapas da doença e tratamentos disponíveis
O ceratocone é progressivo e dividido em quatro estágios. Cada fase pede um tipo de tratamento específico:
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Estágio inicial: correção com óculos.
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Moderado: uso de lentes rígidas especiais ou implante de anel intracorneano.
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Progressivo: crosslinking, procedimento que fortalece a córnea com colírio de riboflavina ativado por luz UVA.
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Avançado: transplante de córnea, recomendado quando as demais opções não são eficazes.
A boa notícia é que muitos desses tratamentos são rápidos e com baixo risco. A cirurgia de crosslinking, por exemplo, leva cerca de uma hora e é feita com colírios anestésicos. Já o implante de anel intraestromal dura, em média, 30 minutos.
A importância do acompanhamento regular
Como o ceratocone pode afetar os dois olhos de forma diferente e progredir com o tempo, o acompanhamento contínuo faz toda a diferença.
“A recomendação é realizar exames oftalmológicos pelo menos uma vez ao ano. O diagnóstico precoce pode evitar a progressão e reduzir drasticamente os riscos de complicações futuras”, reforça Hallim.
Algumas medidas simples ajudam na prevenção da progressão: evitar coçar os olhos, tratar alergias oculares, manter a higiene adequada das lentes de contato e usar colírios lubrificantes em caso de ressecamento.
Ceratocone tem cura?
Não existe cura definitiva para o ceratocone, mas há controle. Com tratamento adequado e acompanhamento médico, é possível manter a qualidade de vida e evitar a perda significativa da visão. O mais importante é não ignorar os sinais e procurar ajuda profissional assim que perceber alterações na visão.
Resumo:
O ceratocone é uma doença ocular que afina e deforma a córnea, prejudicando a visão. Com diagnóstico precoce e acompanhamento regular, é possível controlar o avanço da condição e evitar cirurgias mais complexas. Hoje, 1 em cada 5 transplantes de córnea no Brasil é causado pela doença.
Lígia Menezes
Lígia Menezes (@ligiagmenezes) é jornalista, pós-graduada em marketing digital e SEO, casada e mãe de um menininho de 3 anos. Autora de livros infantis, adora viajar e comer. Em AnaMaria atua como editora e gestora. Escreve sobre maternidade, família, comportamento e tudo o que for relacionado!